“Lab-on-a-glove”: um laboratório na palma de sua mão contra o terrorismo químico

Por Bruno José Gonçalves da Silva Prof. Dpto. de Química – UFPR

Fonte: Joseph Wang / University of California – San Diego

É triste começar um texto científico desta maneira, mas a verdade deve ser dita: vivemos em um mundo cada vez mais perigoso! Lamentavelmente, essa é uma realidade que descreve com precisão o estado de atenção que cerca nosso cotidiano, como evidenciado por uma série de atos chocantes de terrorismo ao redor do mundo. É comum nos noticiários, por exemplo, reportagens sobre explosões de bombas e liberação de gases tóxicos em ambientes de alta densidade populacional. Trata-se de uma forma de terrorismo conhecido como terrorismo químico, no qual um dispositivo que utiliza produtos químicos é formulado para causar a morte ou lesões em seres humanos. Além da extrema preocupação com as vítimas, o momento de coleta de informações químicas em um incidente destas proporções é, logicamente, uma etapa crítica. Saber como proceder nessas situações é imprescindível.

Neste sentido, alguns pesquisadores da Universidade de San Diego, na Califórnia, têm dado uma “mãozinha” para que essas informações químicas sejam coletadas imediatamente e, de certa forma, elucidadas em tempo real, sem a necessidade de encaminhar amostras para o laboratório. O desenvolvimento de biossensores acoplados em luvas tem sido o foco para tais pesquisadores. Conhecido pelo termo lab-on-a-glove (com tradução literal para “laboratório em uma luva”), a análise de produtos químicos pode ser realizada instantaneamente na superfície de uma luva, que na verdade é bastante similar àquela que os médicos e outros profissionais da saúde utilizam em seus ofícios.

De forma prática, o biossensor permite ao usuário deslizar seu polegar sobre uma superfície suspeita, como um alvo de um atentado terrorista, e analisar eletroquimicamente a amostra tocando-a com o dedo indicador. As amostras são então analisadas quanto à presença de alguns compostos químicos conhecidos pelo seu poder de destruição usando eletrônicos portáteis na parte de trás da luva. Além disso, ainda no local da cena do crime, os resultados podem ser transmitidos, sem fio, ao smartphone de um analista forense ou outra pessoa a quem se deva levar tais informações.

Além dessa importante aplicação em atos terroristas, os pesquisadores destacam a possibilidade de usar tais dispositivos na detecção de resídiuos de arma de fogo e de drogas ilícitas, evidenciar a presença de explosivos debaixo d’água e até mesmo para autoproteção da população em geral!

Os biossensores têm chamado bastante atenção, já há algum tempo, pela viabilidade da construção desses tipos de dispositivos inteligentes. Você, leitor do CDQ, deve se lembrar do texto sobre tatuagens temporárias para monitoramento dos níveis de glicose em pessoas diabéticas. A ideia e, de certa forma, a construção desses dispositivos são bastante semelhantes. Mas, para onde esta tecnologia poderá nos levar? Segundo pesquisadores no assunto, em pouco tempo, será possível tornar compatível certos materiais ao corpo humano. Isso permitiria a detecção de uma grande variedade de compostos químicos. Esses dados poderiam ser integrados eletronicamente, permitindo diversas análises em uma única plataforma utilizável pelo indivíduo, como a luva mencionada, roupas ou até mesmo materiais aplicados sobre a nossa própria pele.

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