O envelhecimento afeta todas as células de um organismo, incluindo as células tronco

Por Andréa Gonçalves Trentin                                                                                                             Prof. Dpto de Biologia Celular, Embriologia e Genética – UFSC

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Andréa - imagemO envelhecimento se deve ao declínio físico e funcional dos tecidos do organismo com o decorrer do tempo, frequentemente está associado ao aparecimento de doenças degenerativas. Sendo assim, o crescente envelhecimento da população mundial tem despertado o interesse dos cientistas em pesquisar fatores envolvidos no processo de envelhecimento. Esses dados podem trazer novas ideias e propostas sobre o rejuvenescimento.

Dentre todos os órgãos e tecidos estudados, o sistema nervoso é o mais desafiador devido à sua grande complexidade estrutural, funcional e restrita capacidade de reparo. Por isso, o rejuvenescimento do sistema nervoso é considerado muito difícil, por alguns até mesmo impossível. No entanto, avanços nos estudos com células tronco têm gerado grandes descobertas que aumentam as esperanças no sentido de melhorar a capacidade regenerativa do cérebro. As células tronco, também conhecidas como células-mãe ou células estaminais, possuem a capacidade de proliferar e de gerar células especializas além de células iguais a elas próprias.

Hoje sabemos, que o cérebro, mesmo de indivíduos adultos, contém células tronco neurais em alguns locais específicos, como no hipocampo, região cerebral envolvida com o aprendizado e a memória (como também mencionado no post Bombas atômicas ajudam a determinar a idade dos neurônios). A neurogênese, ou seja, a produção de novos neurônios (células nervosas), a partir dessas células tronco, é um processo biológico altamente flexível, regulado positiva ou negativamente por uma vasta gama de estímulos fisiológicos e patológicos. Estes eventos interferem diretamente na aprendizagem e memória assim como no controle do humor e da depressão.

Com o avanço da idade esse processo de neurogênese é reduzido. Estudos científicos sugerem que esse declínio da neurogênese pode contribuir para defeitos cognitivos associados ao envelhecimento. Dessa forma, a senescência (ou envelhecimento) das células tronco neurais poderia estar envolvida em desordens neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson. A neurogênese é altamente sensível ao estresse fisiológico e, nestas doenças, há comprometimento deste processo.

Por outro lado, fatores como um ambiente rico em estímulos, dieta restritiva, exercícios físicos, medicamentos anti-depressivos e atividade cerebral, estimulam as células tronco neurais a produzirem novos neurônios e, assim, a prevenir ou controlar o envelhecimento. Os exercícios físicos, particularmente, estimulam de modo muito expressivo a neurogênese no hipocampo, associado ao aumento das funções cognitivas, mesmo em idades avançadas. Efeito similar ocorre com dieta de restrição calórica. O aumento da neurogênese hipocampal pode, de certo modo, combater o declínio cognitivo que surge com a idade. Outros alvos terapêuticos da neurogênese no hipocampo incluem a depressão, a esquizofrenia e doenças neurodegenerativas.

Embora muitos avanços tenham sido alcançados na compreensão do funcionamento das células tronco do sistema nervoso e sua relação com o envelhecimento, ainda há muito que ser aprendido antes que terapias de rejuvenescimento possam ser desenvolvidas e aplicadas. Enquanto isso, a adesão aos princípios básicos de vida saudável (comer com moderação, estar fisiológica e mentalmente ativo e evitar estresse físico) constitui o meio mais efetivo de rejuvenescimento e longevidade.

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