O impacto da COVID-19 na saúde bucal

Por Filipe Modolo – Dpto. de Patologia, UFSC

Todos nós sabemos que, recentemente, surgiu uma nova cepa letal de coronavírus, o SARS-CoV-2, causador da COVID-19, uma doença que tem comprometido tanto pacientes com doenças prévias quanto pessoas anteriormente tidas como saudáveis. Este vírus apresenta alta taxa de infecção, especialmente pela boca e faringe, e desencadeia a chamada “tempestade de citocinas” (resposta excessiva do nosso sistema de defesa), levando à perda do controle desse sistema e causando sérios danos aos pacientes.

Diante de uma doença tão nova, grave e complexa, ainda não existe um tratamento com 100% de eficácia, e os protocolos com maior taxa de sucesso são compostos por associações de vários medicamentos. Neste contexto, Cientistas descobriram que… tanto a COVID-19, quanto seus diversos protocolos de tratamento podem causar problemas bucais nos pacientes1. O SARS-CoV-2 tem revelado habilidades neurotrópicas (afinidade por nervos) e mucotrópicas (afinidade por mucosa) e, por isso pode afetar o funcionamento das glândulas salivares, a sensação de paladar e a integridade da mucosa bucal, interferindo diretamente no ambiente bucal e influenciando o equilíbrio da microbiota. Continuar lendo

A vacina de RNA, o futuro hoje!

Por Hélia Neves – Faculdade de Medicina de Lisboa – Portugal 

Numa altura em que as vacinas de RNA são produzidas e distribuídas, “as we speak” (“à velocidade que nós falamos”), na tentativa de combater a pandemia COVID-19, urge saber mais sobre este tipo de vacinas.

Assim caro leitor, vamos começar por responder a uma questão simples. O que é uma vacina de RNA?

As vacinas de RNA são compostas por uma sequência de mRNA (a molécula que diz às células o que construir) que contém a informação genética para gerar uma proteína específica do agente infeccioso causador da doença. Uma vez administrada a vacina, essa proteína é produzida e reconhecida pelo sistema imunológico do indivíduo, preparando-o para lutar contra o agente infeccioso.

Estas vacinas são diferentes das vacinas convencionais, que geralmente contêm os organismos causadores de doenças inativadas ou algumas das proteínas produzidas pelo agente patogênico. Na verdade, são duas estratégias de representar o referido agente infeccioso que atuará como antígeno (molécula estranha), estimulando a resposta do sistema imunológico na produção de anticorpos e células de memória, mas sem causar doença. No caso das vacinas de Continuar lendo

Negacionistas, Cientistas e Pseudocientistas

Por Paulo César Simões-Lopes do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC

O Negacionismo tem muitas faces, e a Ciência?…

Sempre existiram negacionistas. Tapar o sol com a peneira não é coisa nova. Após a epopeia de Fernão de Magalhães, com a primeira volta ao mundo em 1522, continuaram a existir “terraplanistas”, mesmo nos dias de hoje.

Negacionista é quem nega a realidade verificável, óbvia, imediata. O faz, talvez, como arma política ou desconforto religioso sobre uma parcela crédula da sociedade. Há o negacionismo do holocausto judeu, do genocídio indígena brasileiro, da escravidão contemporânea, racismo, epidemias de sarampo, COVID-19, aquecimento global, queimadas, teoria da evolução, extinções, vacinas, importância do uso de máscaras numa pandemia…

Negacionistas vestem suas ideias com roupagem científica para dourar a pílula. São mentores da teoria da conspiração e mestres em usar informações fora de contexto, fabricando notícias falsas. E, sabemos, a mentira permanente confunde (Hitler era fã dessa ideia).

É importante aqui separar inocentes e crédulos daqueles que se vestem com as roupas da ciência, mas não a praticam. São esses que muitas Continuar lendo

Luz e sombra: quando a ciência imita as artes e a natureza

Por Keli F. Seidel – Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR 

Girassóis, além de serem belas flores, podem despertar certa curiosidade em muitas pessoas devido ao seu comportamento de seguir o sol, chamado fototropismo. Este comportamento faz com que as flores variem sua orientação em relação à luz do sol que incide sobre elas buscando maior iluminação. A natureza sabe explorar este fenômeno muito bem e cientistas há tempos vêm tentando desenvolver materiais capazes de imitar esse comportamento dos girassóis. Por quê? Porque estes materiais poderiam, por exemplo, recobrir painéis fotovoltaicos que são instaladas em nossas casas, capazes de converter a energia solar em energia elétrica. A grande vantagem seria que esses materiais se movimentariam em relação ao movimento do sol de maneira a receber uma maior incidência solar aproveitando, portanto, melhor a luminosidade.

Pesquisadores da área de engenharia e ciências dos materiais da Universidade da Califórnia desenvolveram uma estrutura de material fototrópico capaz de seguir precisamente a direção da luz incidente. Assista ao vídeo Continuar lendo