Alerta vermelho no Mar Vermelho: Golfinhos que se automedicam?

Por Paulo César Simões-Lopes – Dpto de Ecologia e Zoologia – UFSC

Não somos os únicos animais espertos é bem verdade. Muito antes da ciência avaliar com parcimônia os fenômenos complexos, já buscávamos soluções para nossa saúde usando outros caminhos menos ortodoxos. Quem não tomou um chazinho para melhorar a digestão ou resolver seu problema de gases?

Sim, já faz tempo que aprendemos, por tentativa e erro, a contornar alguns de nossos problemas, fosse um processo inflamatório, uma queimadura, a dor das picadas de abelha, a ansiedade insuportável ou uma prisão de ventre. Não só agora, mas muito cedo em nossa linhagem humana, raízes e folhas e flores e sementes e mesmo toxinas extraídas da pele de animais têm sido testadas por nós e usadas com algum sucesso. Há também crendices absurdas que são verdadeiros delírios, mas delas não trataremos aqui.

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Um novo tratamento contra tumores pediátricos mostra resultados promissores

Por Bruno Costa Silva Champalimaud Centre for the Unknown Lisboa – Portugal

Em um trabalho liderado pelo cientista italiano Dr. Franco Locatelli demonstrou-se o potencial uso de uma nova modalidade de terapia antitumoral para o tratamento de cânceres pediátricos. Fonte da imagem: Briorender.

Tumores pediátricos representam apenas 1% da totalidade dos casos de câncer. Dentre estes, a maioria se refere a leucemias, linfomas e tumores cerebrais. Graças a avanços recentes no desenvolvimento de terapias mais eficientes, 80% das crianças acometidas por esses tumores se mantém vivas passados 5 anos do diagnóstico. Isso inclui tumores pediátricos menos frequentes como neuroblastomas, que correspondem a aproximadamente 7% dos tumores pediátricos, e que apresentam uma sobrevida de 75% num período de 5 anos. Entretanto, vale ressaltar que apesar deste percentual de sobrevida chegar a 95% em casos menos agressivos, este número cai para menos de 50% quando tumores mais agressivos estão presentes.

Além de serem mais capazes de se espalhar para outros órgãos na forma de metástases, tumores mais agressivos também costumam apresentar menor resposta a tratamentos existentes (ex. quimioterapias e radioterapias).

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Extra! Extra! Uma nova organela é descoberta!

Por Giordano W. Calloni – Dpto. de Biologia Celular, UFSC

Olá, Leitores! Primeiramente, preciso confessar que eu estava trabalhando em outro texto para o Blog, quando no sábado, dia 06/05/23, me deparei com esta estonteante novidade. Detalhe: meu texto precisava ser entregue no dia 08/05/23. Não hesitei, “coloquei na gaveta” o texto que estava em andamento. Simplesmente não resisti ao impulso de contar esta novidade aos leitores do CDQ o quanto antes. Como o título desta postagem revela, algo extraordinário, que não acontece todos os dias, aconteceu: um grupo de pesquisadores acaba de identificar uma nova organela celular. A pesquisa foi publicada na prestigiada Revista Nature online no dia 03/05/23.

Para os menos familiarizados com o tema, as organelas das células são as estruturas responsáveis pelas diferentes funções que uma célula executa (Figura 1). Por exemplo: em eucariontes, temos o núcleo onde se encontra o DNA, repositório da informação genética. No citoplasma, os retículos endoplasmáticos, liso e rugoso, sintetizam lipídeos e proteínas, respectivamente; o complexo de Golgi processa e distribui as proteínas e lipídios. As mitocôndrias produzem energia. Os lisossomos e peroxissomos trabalham pela “limpeza” interna da célula. O citoesqueleto confere forma e motilidade e organiza os demais componentes intracelulares. Em células vegetais, os cloroplastos realizam a fotossíntese e os vacúolos armazenam diversas substâncias e fazem o controle osmótico.

Mas então, quem é essa nova organela? E o que ela faz? Parece que essa organela ainda não recebeu um nome definitivo, mas está sendo chamada nesse momento de corpos PXo (do inglês PXo bodies) (Figura 1, em amarelo). Entenderemos em breve o porquê de ela estar sendo chamada assim.

Figura 1: As principais organelas de uma célula animal e a organela recém-descoberta: Corpo PXo.

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