Fibras de nanotubo de carbono usadas na fabricação de tecidos que podem funcionar como baterias. Que tal carregar o celular na sua jaqueta?

Por Keli Fabiana Seidel – Grupo de pesquisa em Bio-Optoeletrônica Orgânica– UTFPR 

Figura 1: Fibra de nanotubos de carbono sendo esticada. O resultado é similar uma teia de aranha, pois é elástica, leve e forte com a vantagem de ser uma “teia” que conduz eletricidade.

Dia após dia novidades relacionadas à nanociência surgem em nossas vidas de modo a trazer facilidades às nossas atividades do cotidiano. O celular, por exemplo, virou um grande amigo de muitas pessoas pela sua capacidade de agregar funções/App (GPS, redes sociais, câmera, agenda etc.) que podem ser acessados de qualquer lugar no mundo quando conectado à internet. Isso só é possível devido aos avanços na área de nanotecnologia que ampliaram a capacidade de processamento desses dispositivos mantendo-os em uma escala muito pequena, afinal, tudo isso cabe em sua mão. Se pudermos dar um zoom em um desses dispositivos eletrônicos e irmos para a escala nanométrica (1 nanômetro=1×10-9 m =0,000000001 m) podemos analisar, por exemplo, que tipos de materiais são usados para gerar tal eficiência. Entre os materiais “queridinhos” aplicados na nanotecnologia, o nanotubo de carbono tem papel de destaque em várias situações. Seu nome é devido a sua forma longa e oca em formato de tubo, com paredes formadas por folhas de carbono, chamadas de grafeno, com espessura de apenas um átomo (veja aqui). Continuar lendo

Bactérias da cavidade oral estão “de olho” nas restaurações de resina!

Por Michelle Tillmann Biz – Dpto. de Ciências Morfológicas / UFSC

Figura 1: Resina sendo inserida em uma cavidade (Fonte: http://www.fgm.ind.br)

É comum o pensamento que um dente restaurado estará mais fortalecido contra a cárie por ter sido usado um material sintético; ou que ao fazer um tratamento de canal, os dentes estarão livres de serem acometidos por novos episódios de dor/infecção, uma vez que o dente foi preenchido por um material, estando, portanto, “morto”. Entretanto, é preciso ter atenção: os materiais restauradores comumente utilizados na Odontologia fazem parte do “cardápio” destas bactérias também!

No âmbito da Odontologia, restauração é quando utilizamos um material sintético para repor o tecido duro do dente perdido (esmalte ou dentina) seja por cárie ou por trauma/fratura. Já o tratamento de canal é um tipo de tratamento odontológico muitas vezes necessário quando a polpa do dente é acometida de alguma patologia (inflamação/infecção) ou o dente submetido a um trauma severo. Nesse tipo de tratamento, a polpa do dente é removida e a cavidade que a continha (chamada de cavidade pulpar) será limpa, com o uso de limas endodônticas, e desinfetada, com o uso de medicações e líquidos irrigantes. Após esses procedimentos, o espaço será preenchido por um material sintético. Continuar lendo

Pondo os tumores para dormir: como a regulação do ciclo de sono celular pode ser utilizada em terapias anti tumorais

Por Bruno Costa da Silva – Champalimaud Centre for the Unknown/Lisboa – Portugal  

Apesar de ainda pouco investigado, já é sabido há algum tempo que, assim como nós (e quase todos os seres vivos), as células que nos compõem também apresentam períodos de maior e menor atividade metabólica durante as 24 horas de um dia. Esse processo é definido como ciclo circadiano. Sabe-se ainda que, diferentemente de células saudáveis, tumores muito frequentemente adotam um regime de “serão”, ficando constantemente com seu metabolismo ativado. Com isso, ao estarem ininterruptamente recolhendo e reciclando nutrientes e biomoléculas, tumores conseguiriam manter constante o ritmo de geração de novas células necessário para o crescimento de massas tumorais.

Tirando vantagem de descobertas anteriores, que decifraram a base molecular do ciclo circadiano, cientistas descobriram que ao “botar as células tumorais para dormir” é possível não apenas parar o crescimento de tumores, mas também induzir a morte dessas células. Nesse estudo, liderado pelo cientista Satchidananda Panda do Instituto Salk nos Estados Unidos e publicado na revista cientifica britânica Nature em janeiro de 2018, cientistas conseguiram com sucesso bloquear o crescimento de diversos tipos tumorais, incluindo leucemias, melanomas e tumores de mama, colón, reto e de cérebro. Para isso, eles utilizaram duas drogas experimentais originalmente desenvolvidas para o tratamento de doenças metabólicas, chamadas de SR9009 e SR9011. Essas drogas ativam duas proteínas importantes para a regulação do ciclo circadiano, denominadas VER-ERBα e VER-ERBβ. Continuar lendo