Novas Reviravoltas na Guerra dos Tronos? Um tal fóssil da Anatólia…

Por Paulo César Simões-Lopes – Departamento de Ecologia e Zoologia – UFSC

Ossos e dentes fragmentados! Isso é tudo o que temos ao olhar em direção ao passado da evolução humana e de nossos parentes mais antigos. Sim, saímos da África ou do Oriente Médio e nos espalhamos pelo mundo. Essa foi a nossa sina. Mas o que aconteceu antes? Bem antes…

Estamos falando de uma data difícil de compreender mentalmente. Seis ou sete milhões de anos é uma abstração para a maioria de nós. Mas foi nesse tempo que um tal ancestral comum, que partilhamos com os outros grandes primatas − especialmente com a linhagem chimpanzé −, vagou por algum lugar da África.

Os cientistas costumam dar o crédito a um tal Sahelanthropus tchadensis, filho da fornalha da África. É uma boa pista, mas não a única. A ele caberia o trono − a alcunha de elo perdido −, por fim descoberto e coroado. Mas e antes dele? Lá pelos oito milhões de anos em direção ao passado?

Bem, em verdade há um mar de ossos e dentes fragmentados, alguns pedaços de mandíbula, crânios quebrados, ossos do quadril e assim por diante. Todos de primatas quadrúpedes, mas que partilhavam seu parentesco com outros grandes primatas como os gorilas e orangotangos. Assim, eles não pertenciam ao nosso ramo evolutivo imediato. Estavam espalhados pela Ásia, África e Europa, mas foi então que os Cientistas Descobriram Que nesse quebra-cabeças complexo, poderia haver algo mais… 

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Fungos na mira da extinção

Por Kelmer Martins da Cunha & Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos, Dpto. de Botânica, UFSC

E aí caro leitor, você sabia que existem espécies de fungos que podem deixar de existir nas próximas décadas? 
Pois é, hoje iremos falar sobre como os fungos também estão ameaçados e que as ameaças são praticamente as mesmas que colocam em risco os animais e as plantas.

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“Odontoblasto transdutor”: de peça em peça a teoria ganha espaço

Por Dra. Michelle T. Biz do Dpto. de Morfologia da UFSC

Quem nunca sentiu dor de dente ao morder um picolé? 

Embora este tipo de sensibilidade dentinária seja um relato antiguíssimo e um problema frequente na população, o exato mecanismo biológico pelo qual estímulos externos incidindo sobre a superfície do dente estimulam os nervos que estão dentro do dente (na polpa dentária) causando a dor é ainda obscuro, permanecendo no campo da teoria.

Atualmente, a teoria mais aceita é a TEORIA HIDRODINÂMICA: estímulos aplicados à superfície do dente (como o frio) provocam a movimentação de líquido no interior dos túbulos dentinários (Figura 1), que por sua vez estimula, mecanicamente, as terminações das fibras nervosas que estão na polpa dentária.

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Células imunológicas produzidas em laboratório para o tratamento do câncer

Por Edroaldo Lummertz da Rocha do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia

O câncer é uma doença complexa, heterogênea e multifatorial que acomete milhões de pessoas. Embora os tratamentos oncológicos tenham melhorado substancialmente nos últimos anos, com o advento de técnicas cirúrgicas aperfeiçoadas, terapias direcionadas contra mutações oncogênicas ou quimioterapia, muitos pacientes apresentam resistência ao tratamento ou, após o tratamento com sucesso do tumor primário, o câncer pode ainda retornar anos ou até mesmo décadas depois em outros órgãos.

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Duas células, duas funções, e um cabo de guerra no nosso coração! 

Por Daniel Fernandes, Departamento de Farmacologia UFSC

Cabo de guerra é um jogo bastante popular no qual duas equipes competem entre si em um teste de força puxando uma corda. Recentemente foi tema de um episódio da série “Round 6” que mostrou que o cabo de guerra não é um jogo somente de força, mas pode envolver muita tática e estratégia! Curiosamente uma pesquisa mostrou que nossas células podem estar fazendo um verdadeiro cabo de guerra no nosso coração!

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Eletrônica comestível

Por Keli F. Seidel – UTFPR

Que tal incluir à sua dieta saudável um pouco mais de vegetais, alimentos integrais, frutas e “dispositivos eletrônicos doces”? Muita calma nesta hora, pois esta pode não ser a recomendação de um(a) nutricionista, mas talvez a recomendação médica para auxiliar num diagnóstico ou tratamento médico. 

Dispositivos que englobam a área de eletrônica comestível são aqueles que podem ser ingeridos e metabolizados dentro do nosso corpo sem causar danos devido à não toxicidade dos materiais que os compõem. Mas talvez você questione sobre qual seria a necessidade de comer um dispositivo eletrônico? 

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O beijo da morte e a guerra entre linfócitos e tumores

Por Prof. Dr. Giordano Wosgrau Calloni – Depto de Biologia Celular, Embriologia e Genética, UFSC.

Na terceira parte de um dos maiores filmes da história do cinema norte-americano, o Poderoso Chefão, assistimos ao famoso beijo da morte. Michael Corleone beija violentamente a boca de seu irmão Fredo após descobrir a traição que este cometeu. O beijo era o sinal de que Fredo estava marcado para morrer. Para a máfia, este beijo imposto, de certa forma “roubado”, tem como objetivo sinalizar que a morte do ser beijado foi decretada.

Um beijo similar parece acontecer em escala microscópica no nosso organismo. Cientistas descobriram que existem beijos roubados entre as células que podem levar à morte do organismo em sua batalha contra células tumorais. 

Células NK roubam membrana tumoral

Para entendermos o que acontece, precisamos primeiramente falar de um grupo específico de células que circula em nossa corrente sanguínea e que possui um nome que mais parece ter saído de um filme de mafiosos: as Natural Killers, ou abreviadamente, NK, (literalmente assassinas por natureza, ou assassinas naturais). As células NK são um tipo de linfócitos do nosso sistema imune.

Muitos linfócitos são produtores de citocinas, ou seja, de proteínas que, como balas, saem da pistola de um gângster e são lançadas contra outros gangsters. Essas balas, ops, citocinas são lançadas e podem matar tanto células infectadas por vírus, quanto células tumorais. Linfócitos matadores de tumores foram relatados pela primeira vez em 1968, por Hellström e colaboradores. Alguns anos depois, em 1975, Kiessling e colegas, em paralelo com o grupo de pesquisa de Ronald Herberman, definiram uma nova população de linfócitos capazes de atingir células tumorais que foram chamados de Natural Killers (NKs). Portanto, as NKs seriam gângsters que valem a pena termos como aliadas.

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