O " Cientistas descobriram que…" descreverá alguns dos principais achados científicos atuais numa linguagem simples. Nossos textos são escritos e revisados por pesquisadores que atuam em diversas áreas do conhecimento.
Que tal incluir à sua dieta saudável um pouco mais de vegetais, alimentos integrais, frutas e “dispositivos eletrônicos doces”? Muita calma nesta hora, pois esta pode não ser a recomendação de um(a) nutricionista, mas talvez a recomendação médica para auxiliar num diagnóstico ou tratamento médico.
Dispositivos que englobam a área de eletrônica comestível são aqueles que podem ser ingeridos e metabolizados dentro do nosso corpo sem causar danos devido à não toxicidade dos materiais que os compõem. Mas talvez você questione sobre qual seria a necessidade de comer um dispositivo eletrônico?
Por Paulo César Simões-Lopes – Dpto de Ecologia e Zoologia – UFSC
“Há vários lobos dentro de mim, mas todos eles uivam para a mesma lua”, teria dito Virgílio. Os lobos traduzem nossos medos, que são muitos, no mais das vezes medos do mundo natural. Para muitos, natureza é só aquela que pode ser modificada, transformada, subjugada. E com os lobos não foi diferente. Nossa relação com eles não é nada nova, tampouco amistosa. Foram caçados, comidos, sequestrados e por fim modificados. Precisávamos de sentinelas gratuitas para nossos acampamentos quando ainda éramos caçadores-coletores nômades. Precisávamos de alguém com um bom focinho para seguir as trilhas olfativas de nossas presas. Precisávamos de carne quando tudo mais faltasse.
E foi assim que roubamos filhotes de lobos ou matamos suas mães zelosas para cria-los como parte de nossa família humana. Logo ficaríamos com os lobinhos mais mansos e abateríamos os mais ferozes. De geração em geração, dobramos seu temperamento, sua autonomia, sua iniciativa. Mas quando esse lento processo começou? Quando os lobos viraram cães? Onde foi que essa transformação ocorreu pela primeira vez? Teria ela ocorrido em diferentes locais ao mesmo tempo?
Por Paulo César Simões-Lopes, Dpto de Ecologia e Zoologia, UFSC
Nos vemos como uma espécie apartada do todo, o apogeu da evolução, o pináculo. É uma ideia colorida, mas é também uma fantasia tola a qual estamos apegados. Com quem partilhamos o trono de nossa longa linhagem evolutiva? Quem é nossa espécie irmã? Aquela com a qual temos um ancestral comum?
Esqueleto Neandertal
O mais nobre e conhecido de nossos parentes imediatos, o neandertal, reinou livre e desimpedido, por anos, ocupando o lugar de honra ao nosso lado. Aí estava nossa espécie irmã, um tanto robusta para nossos padrões soft: narizes largos, ossos pesados, supercílios proeminentes, pernas arqueadas. Então, lá por 2008, descobriu-se os denisovanos. Um novo pretendente ao trono? Uma variação asiática do neandertal? Fica a dúvida…
Agora voltemos quase cem anos para encenar uma nova peça em três atos.
Crânio do Homo erectus
Ato número 1: em 1933, durante a construção de uma ponte no Rio Songhua, no nordeste da China, um trabalhador comum recuperou um crânio bastante completo, mas vivia-se a invasão japonesa na Manchúria e o seu descobridor resolveu escondê-lo longe dos olhos do odioso invasor. O que levou este homem a ver ali uma preciosidade permanece um mistério, mas anos antes se havia anunciado, com toda pompa, a descoberta do tal homem de Pequim (Homo erectus).
Ato número 2: vem a Segunda Guerra Mundial e o sanguinário extermínio do povo chinês pelo Império japonês. A China é destroçada de ponta a ponta. Depois, tomou fôlego o movimento comunista de Mao, a revolução cultural e, por fim, a China partiu da pré-história para o mundo moderno num salto veloz.
Por Giordano W. Calloni, Dpto de Biologia Celular, Embriologia e Genética da UFSC
Fred Tomaselli, Airborne Event, 2003. Obra de arte realizada com folhas, colagem de fotos, guache, acrílico e resina sobre painel de madeira.
Meu caro leitor, o título do presente texto é para soar tão provocativo quanto realmente é. Foi apenas após 10 anos ministrando a disciplina de Biologia Celular na Universidade Federal de Santa Catarina que percebi como pequenas palavras podem nos trair e perpetuar uma falsa concepção do que realmente somos. No ano de 2019, eu e cerca de mais 15 alunos do curso de Biologia estivemos envolvidos em um projeto que consistia em converter salas de aula em uma grande célula em escolas de Florianópolis, SC. Durante nossas exposições a estudantes das mais diversas idades, percebi que meus próprios pupilos iniciavam suas apresentações com a seguinte sentença:
– Pessoal, vocês sabem que nós todos possuímos células?
Percebi então, que eu havia falhado em passar um conceito primordial aos meus próprios alunos: a concepção de que não possuímos células, não temos células, mas sim que nós SOMOS células. Talvez possa parecer uma grande obviedade, mas essa aparente pequena diferença entre ter e Continuar lendo →
Por Paulo César Simões-Lopes do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC
O Negacionismo tem muitas faces, e a Ciência?…
Sempre existiram negacionistas. Tapar o sol com a peneira não é coisa nova. Após a epopeia de Fernão de Magalhães, com a primeira volta ao mundo em 1522, continuaram a existir “terraplanistas”, mesmo nos dias de hoje.
Negacionista é quem nega a realidade verificável, óbvia, imediata. O faz, talvez, como arma política ou desconforto religioso sobre uma parcela crédula da sociedade. Há o negacionismo do holocausto judeu, do genocídio indígena brasileiro, da escravidão contemporânea, racismo, epidemias de sarampo, COVID-19, aquecimento global, queimadas, teoria da evolução, extinções, vacinas, importância do uso de máscaras numa pandemia…
Negacionistas vestem suas ideias com roupagem científica para dourar a pílula. São mentores da teoria da conspiração e mestres em usar informações fora de contexto, fabricando notícias falsas. E, sabemos, a mentira permanente confunde (Hitler era fã dessa ideia).
É importante aqui separar inocentes e crédulos daqueles que se vestem com as roupas da ciência, mas não a praticam. São esses que muitas Continuar lendo →
Por Paulo César Simões-Lopes- Departamento de Ecologia e Zoologia – UFSC
Como não poderia deixar de ser, os hábitos humanos, as capacidades adquiridas e os costumes, se desenvolveram desde tempos imemoriais e forjaram a cultura do sapiens. O próprio conceito original de “cultura” deve-se a um antropólogo, Edward Tylor. Isto acabou valorizando a visão humana do conceito, isto é, o tal “Adão” continuou a pensar cada vez mais no próprio umbigo.
Mas então os Cientistas Descobriram Que uns passarinhos ingleses discordavam desse monopólio, passando a desenvolver costumes de abrir garrafas de leite deixadas nas portas das casas e beber a nata. O costume espalhou-se pela população desses passarinhos, mas não por outras Continuar lendo →
Por Paulo César Simões-Lopes – Dpto de Ecologia e Zoologia – UFSC
Existem coisas que ninguém mais deveria propor, muito menos ensinar aos outros. coisas sem nenhuma fundamentação científica. A pergunta é simples e objetiva e mesmo um “terraplanista” conseguiria responder de pronto. Adão tinha umbigo? Continuar lendo →