Inflamação intestinal altera paladar e provoca mudanças no padrão de comportamento alimentar

Por Michelle Tillmann Biz – Dpto. de Ciências Morfológicas / UFSC

A preferência por determinados alimentos tem papel determinante na dieta, não só a escolha, mas também o quanto é ingerido. E este comportamento alimentar está ligado diretamente ao paladar.

É no dorso da língua (a porção voltada para cima) que se encontram os botões gustativos, os responsáveis pela detecção do gosto dos alimentos. Estes botões estão localizados estrategicamente por todo o dorso da língua. As células gustativas presentes nos botões, uma vez acionadas por determinada substância presente na dieta, ativam as terminações nervosas livres a elas conectadas e estas levam a informação ao cérebro (principalmente via nervo corda do tímpano).

Os botões gustativos respondem aos diversos tipos de sabores de acordo com a sua localização na língua: doce na ponta da língua; salgado na ponta e, principalmente, nas laterais; ácido nas laterais; amargo na região posterior da língua; e o quinto sabor descrito, o “umami” (palavra deriva do japonês e que significa “sabor delicioso”) em todo o dorso da língua. Continuar lendo

O que somos nós?

Por Giordano W. Calloni, Dpto de Biologia Celular, Embriologia e Genética da UFSC

Fred Tomaselli, Airborne Event, 2003. Obra de arte realizada com folhas, colagem de fotos, guache, acrílico e resina sobre painel de madeira.

Meu caro leitor, o título do presente texto é para soar tão provocativo quanto realmente é. Foi apenas após 10 anos ministrando a disciplina de Biologia Celular na Universidade Federal de Santa Catarina que percebi como pequenas palavras podem nos trair e perpetuar uma falsa concepção do que realmente somos. No ano de 2019, eu e cerca de mais 15 alunos do curso de Biologia estivemos envolvidos em um projeto que consistia em converter salas de aula em uma grande célula em escolas de Florianópolis, SC. Durante nossas exposições a estudantes das mais diversas idades, percebi que meus próprios pupilos iniciavam suas apresentações com a seguinte sentença:

– Pessoal, vocês sabem que nós todos possuímos células?

Percebi então, que eu havia falhado em passar um conceito primordial aos meus próprios alunos: a concepção de que não possuímos células, não temos células, mas sim que nós SOMOS células. Talvez possa parecer uma grande obviedade, mas essa aparente pequena diferença entre ter e Continuar lendo