Por Patrícia Shigunov – Instituto Carlos Chagas – FIOCRUZ
Nosso corpo obtém vitamina D principalmente através da exposição ao sol, mas podemos obtê-la através da alimentação, consumindo alimentos como peixes gordurosos (salmão, atum), gemas de ovos e laticínios fortificados. Suplementos de vitamina D também são uma opção, especialmente para pessoas que têm dificuldade em obter a quantidade adequada através do sol ou da dieta, como aquelas que vivem em regiões com pouca luz solar ou que passam muito tempo em ambientes fechados.
Pesquisadores fizeram uma descoberta importante sobre como a vitamina D se relaciona com a saúde do nosso sistema imunológico. Cientistas descobriram que a falta dessa vitamina pode acelerar o envelhecimento do timo e aumentar o risco para desenvolver doenças autoimunes.
Para testar sua hipótese, os pesquisadores utilizaram camundongos deficientes em Cyp27b1 (CypKO), que não conseguem produzir a forma ativa da vitamina D, conhecida como 1,25D. No timo, um órgão fundamental para o amadurecimento dos linfócitos T, as células epiteliais que capacitam os linfócitos a combater invasores específicos possuem uma proteína reguladora chamada Aire (AutoImmune REgulator – Regulador autoimune). Essa proteína controla as células epiteliais do timo para que estas apresentem aos linfócitos T quais são as proteínas que constituem o que é “próprio” do organismo e o que é “estranho” a ele, como os microrganismos invasores. No estudo, os resultados mostraram uma redução significativa no número de células epiteliais no timo positivas para Aire e na própria expressão de Aire nos camundongos CypKO, indicando que a ausência de “vitamina D ativa” impacta negativamente essas células.
Em outras palavras, quando os cientistas estudaram esses camundongos que não produzem vitamina D, notaram que esses animais tinham menos células epiteliais no timo e que a estrutura do órgão estava prejudicada. Isso significa que os linfócitos T não estavam se desenvolvendo corretamente, e as células do sistema imune dos camundongos começaram a atacar suas próprias células. Além disso, as análises mostraram que a falta de vitamina D fazia com que as células do timo se comportassem como se fossem mais velhas, com o processo de envelhecimento do órgão acelerado. Com o timo envelhecendo mais rápido, as funções do sistema imunológico se tornavam menos eficientes.
Há outros estudos que abordam a relação entre a deficiência de vitamina D e o aumento da incidência de doenças autoimunes, como diabetes tipo 1 e esclerose múltipla. A produção de células T, essencial para a imunidade, é mais ativa nos primeiros 20 anos de vida, sugerindo que a vitamina D é particularmente importante nesse período. Pesquisas também mostram que a deficiência de vitamina D durante a gestação ou logo após o nascimento pode reduzir o tamanho do timo, impactando o desenvolvimento imunológico.
Então, devemos fazer suplementação de vitamina D para evitar doenças autoimunes? Não! Ainda são necessários mais estudos, pois ainda há uma certa controvérsia em torno do papel do timo no organismo adulto, especialmente no que diz respeito aos benefícios preventivos e terapêuticos da suplementação de vitamina D.
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