O Paradoxo de Parrondo, que recebe esse nome devido ao físico espanhol Juan Manuel Rodríguez Parrondo, trata dos resultados de duas estratégias que, se utilizadas individualmente, levariam ao insucesso, mas caso fossem combinadas, conduziriam a um resultado vitorioso. O trabalho Relieving Cost of Epidemic by Parrondo’s Paradox: A COVID-19 Case Study, realizado por três cientistas da Universidade de Tecnologia e Design de Singapura foi publicado em setembro de 2020 no periódico alemão Advanced Science. O “custo” da epidemia foi relacionado à saúde e ao bem-estar da população, assim como às suas consequências econômicas.
A pesquisa em questão analisou duas estratégias, o incentivo ou não ao isolamento social, o primeiro traduzido hoje por lockdown. Na batalha contra a situação excepcional que vivenciamos, as duas estratégias podem ser consideradas perdedoras. A pergunta motivadora neste estudo é se a combinação das duas ações poderiam apontar para um resultado positivo, ou seja, a redução da disseminação do vírus corona (SARS-Cov2).
A partir de um modelo de interação populacional, que pode ser analisado a partir de uma função matemática que indica a eficácia das ações realizadas, é possível verificar que manter a comunidade aberta aumenta o número de infectados e de mortes. Observou-se também que as restrições contribuem para a diminuição do número de infectados, mas tem efeito negativo sobre a saúde mental da população e a economia. A combinação das duas estratégias foi analisada em três cenários: i) a alternância durante intervalos de tempo iguais (fecha uma semana e abre na outra, por exemplo); ii) a alternância quando o número de infectados sobe (fecha) ou desce (abre); e iii) a alternância de forma aleatória. Todos os cenários sugerem melhores resultados em relação às estratégias utilizadas individualmente. No entanto, os autores ressaltam que a terceira opção (a alternância de forma aleatória) acrescenta como ponto negativo a dificuldade de manter a sociedade bem informada.
A análise matemática pode parecer algo insensível, pois aqui o sucesso ou insucesso de uma estratégia corresponde também à vida ou à morte de pessoas. É importante ressaltar que, mesmo com foco na saúde e bem-estar, as duas estratégias individualmente já podem ser consideradas perdedoras, seja pela disseminação do vírus, seja pela ansiedade e comprometimento psicológico em situação de isolamento. A combinação das duas estratégias nos fornece um resultado da ordem de 10 vezes melhor que as estratégias individuais.
Finalmente, a vacina é a grande esperança e é a responsável pela valorização da ciência, ocupando papel de destaque globalmente. Mas a ciência vai além, e pode auxiliar na tomada de decisões de ações para vencermos este ou outros desafios futuros.
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