Regeneração de lesão de medula nervosa: um passo promissor!

Por Michelle Tillmann Biz – Departamento de Ciências Morfológicas – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

As células-tronco são como sementes capazes de gerar novas células para os tecidos que habitam. A maioria dos tecidos do corpo possui estas células, o que garante a recuperação após uma lesão ou mesmo a reposição de células antigas por novas. 

Mas isso não ocorre no sistema nervoso. No tecido nervoso, os neurônios são células que desde o momento do seu surgimento serão as responsáveis por desempenhar sua função sem haver uma reposição por nova célula frente a uma lesão. Por isso, até bem pouco tempo era difícil falar em regeneração nervosa frente a situações críticas como lesão medular (em acidentes envolvendo a medula espinal) ou no cérebro (como no caso de falta de oxigenação). 

Digo até bem pouco tempo, pois Cientistas Descobriram Que células-tronco da polpa de dentes humanos são capazes de provocar regeneração de lesões nervosas. Por terem se originado a partir da crista neural, estas células apresentam capacidade de formar neurônios e ainda produzem uma variedade de fatores neurotróficos que favorecem um microambiente regenerativo. Duas publicações anteriores do CDQ apresentaram resultados de pesquisas científicas promissoras neste campo da regeneração nervosa usando estas células-tronco dentárias. (Leia AQUI e AQUI).

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Repensando o Transplante de Medula óssea: será o fim da quimioterapia?

Por Patrícia Shigunov – Instituto Carlos Chagas – FIOCRUZ

O transplante de medula óssea, também conhecido como transplante de células-tronco hematopoiéticas, é um procedimento médico complexo utilizado para tratar diversas doenças do sangue, como leucemias, linfomas e algumas condições genéticas. As células-tronco hematopoiéticas desempenham um papel vital na saúde sanguínea, sendo responsáveis pela produção de todas as células sanguíneas ao longo da vida de uma pessoa. Antes de realizar o transplante de medula óssea, é essencial preparar o ambiente da medula óssea do receptor para receber as novas células-tronco saudáveis.

A quimioterapia e/ou radioterapia são administradas para eliminar as células-tronco hematopoiéticas doentes do receptor e eliminar o sistema imunológico, minimizando o risco de rejeição das células transplantadas. Apesar de sua eficácia, o transplante está associado a diversos efeitos colaterais e complicações, cuja gravidade varia conforme o estado do paciente, o tipo de transplante e as fontes de células-tronco utilizadas. Embora esse procedimento seja fundamental, acaba impactando as células saudáveis.

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O que a jararaca tem a ver com a hipertensão?

Por Daniel Fernandes e Jamil Assreuy – Departamento de Farmacologia – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

A familiaridade com a hipertensão, popularmente denominada pressão alta, é quase inevitável. Esta condição crônica afeta muitas pessoas e sua gravidade reside no fato de que representa um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de condições sérias, como acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial, insuficiência renal e cardíaca.

Jararaca. Fonte: Instituto Butantan

Felizmente, hoje dispomos de diversas opções de tratamento para a hipertensão. Uma abordagem notável teve início com as pesquisas do cientista brasileiro Sérgio Ferreira, que, em colaboração com cientistas de diversas partes do mundo, desvendou os componentes isolados a partir do veneno de jararaca (Bothrops jararaca). Esses estudos revelaram que os componentes do veneno da jararaca eram capazes de reduzir a formação de um peptídeo (pequena cadeia de aminoácidos) chamado angiotensina II.

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