Como a biologia do desenvolvimento pode informar a criação de novas terapias celulares?

Por Edroaldo Lummertz da Rocha, Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia.

As células sanguíneas e do sistema imunológico são formadas por células-tronco que residem na medula óssea. Estas células, chamadas de células-tronco hematopoiéticas, são responsáveis pela produção diária de bilhões de células sanguíneas e imunes cruciais para a manutenção da vida. Nos transplantes de medula óssea, são justamente as células-tronco hematopoiéticas as unidades celulares de interesse. Curiosamente, antes de residirem na medula óssea durante a vida adulta, as células-tronco hematopoiéticas devem percorrer um longo caminho durante o desenvolvimento embrionário, passando por diversos órgãos. Para compreender a origem do sistema hematopoiético e imunológico, assim como desenvolver novas terapias celulares, é fundamental compreender essa longa jornada das células-tronco hematopoiéticas. Em dois artigos recentes, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com pesquisadores da Escola de Medicina da Harvard e da Universidade da Califórnia em Los Angeles, reportaram o sequenciamento e quantificação dos genes expressos pelas células que constituem o microambiente tecidual no qual as células-tronco hematopoiéticas nascem durante o desenvolvimento embrionário de camundongos e seres humanos, respectivamente (Lummertz da Rocha et al. 2022; Calvanese et al. 2022).

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E se conseguíssemos simular computacionalmente o funcionamento de uma célula?

Por Guilherme Razzera, Laboratório de Bioinformática Estrutural – UFSC

Imagem de um fofossistema na membrana do cloroplasto. Para visualizar os vídeos, clique aqui.

Há muitas maneiras de se estudar o funcionamento de um organismo ou de parte dele, e certamente a experimentação in vitro ou in vivo, com as coisas reais mesmo, foi a principal maneira que encontramos para construir o nosso conhecimento científico. A questão é: existem outras formas que vêm se difundindo nos últimos anos. Você já parou para pensar no quanto podemos simular as coisas atualmente? Estou falando de uma grande capacidade que temos de construir modelos, como os meteorológicos, por exemplo, que envolvem uma grande capacidade de cálculos e nos oferecem uma boa previsão em curto prazo. Tá bom, tem vezes que não dá pra confiar totalmente e deixar o guarda-chuvas em casa com segurança, mas usamos no nosso dia-a-dia, certo? Agora: e se conseguíssemos simular uma célula viva? Dizer quais são suas características, quais suas sequências de DNA, quais RNAs, quais proteínas, quais os tipos de membranas, qual pH, qual força iônica, entre outros parâmetros, além de simular o seu funcionamento e suas respostas. Será Continuar lendo