Drogados até debaixo d’água? “Cocaine Sharks”

Por Paulo César Simões-Lopes – Departamento de Ecologia e Zoologia – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Se você pensava que o tubarão bico-fino era um sujeito de classe, gente boa ou isentão, sente-se e beba um copo d’água. Viver longe da sociedade de consumo nem sempre irá salvá-lo de ser “contaminado”, digamos assim, por algo que você não desejava. 

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Figura 1 – Tubarão bico-fino

Todos sabem que a cocaína é uma droga potente, um estimulante do sistema nervoso central. Também sabem que parte do composto vem de uma planta, posteriormente misturada a outros produtos químicos. Alguns sabem que a cocaína é a segunda droga ilegal mais consumida no mundo e que seu consumo cresce exponencialmente. Vinte e dois por cento dos consumidores dessa droga residem na América do Sul e o Brasil é o segundo maior consumidor da região1, mas justo aí os tratamentos médicos alcançam índices de apenas 50% dos necessitados. No entanto, bem poucos sabem até onde o tráfico conseguiu chegar. 

Pois bem, os Cientistas Descobriram Que tubarões bico-fino, Rhizoprionodon lalandii, andaram ingerindo cocaína2. Eram tubarões que habitavam o entorno da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ok, voltemos só um pouquinho atrás. A contaminação ambiental por cocaína já vinha sendo acompanhada, e havia se mostrado tóxica em moluscos, pequenos crustáceos e peixes ósseos, interferindo no metabolismo dos lipídeos e na organização celular desses organismos aquáticos. Mais ainda, esse composto pode “bioacumular” devido à ingestão de presas contaminadas.

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“Lab-on-a-glove”: um laboratório na palma de sua mão contra o terrorismo químico

Por Bruno José Gonçalves da Silva Prof. Dpto. de Química – UFPR

Fonte: Joseph Wang / University of California – San Diego

É triste começar um texto científico desta maneira, mas a verdade deve ser dita: vivemos em um mundo cada vez mais perigoso! Lamentavelmente, essa é uma realidade que descreve com precisão o estado de atenção que cerca nosso cotidiano, como evidenciado por uma série de atos chocantes de terrorismo ao redor do mundo. É comum nos noticiários, por exemplo, reportagens sobre explosões de bombas e liberação de gases tóxicos em ambientes de alta densidade populacional. Trata-se de uma forma de terrorismo conhecido como terrorismo químico, no qual Continuar lendo

É possível utilizar a metionina modificada para diversas funções, como um canivete suíço

Por Renata  Kaminski
Dpto. de Química, UFS / Aracajú – SE

Cientistas desenvolveram um novo método para juntar moléculas de interesse às proteínas, a partir da ligação seletiva com o aminoácido metionina. Os aminoácidos metionina e cisteína são os dois únicos aminoácidos que contém enxofre (S), o que lhes confere uma grande versatilidade e uma química única. Por esse motivo, a conjugação e a modificação da metionina têm sido objeto de estudo de vários grupos de pesquisa. No mês de fevereiro de 2017, cientistas da Universidade de Berkeley nos EUA publicaram, na prestigiada revista Science, uma nova técnica capaz de ligar moléculas de interesse nas proteínas através do aminoácido metionina.

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