Times de espermatozoides

Por Virgínia Meneghini Lazzari – Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Figura 1 – Ilustração da competição pela fertilização

Caro leitor, você certamente já ouviu falar sobre o espermatozoide “vencedor” e sobre como ele consegue sozinho ser mais capaz que os demais espermatozoides, chegar até o gameta feminino e fazer a fecundação, mas talvez o que você não saiba é que esse espermatozoide pode ter sido ajudado por um time de companheiros de jornada para chegar até lá. Isso mesmo, cientistas descobriram que espermatozoides humanos nadam mais rápido quando estão em times!

A literatura sobre o tema já havia demonstrado que os espermatozoides humanos podiam nadar lado a lado, sincronizando suas caudas de forma hidrodinâmica, mas a natação cooperativa em que os espermatozoides se ligam uns aos outros fisicamente pela cabeça havia sido refutada até então. A natação cooperativa requer que o espermatozoide seja fisicamente anexado, seguido de migração como um grupo com flagelos não ligados. A fixação é impulsionada por componentes de membrana, e não pela hidrodinâmica do meio migratório. Esse tipo de natação já havia sido relatado em outras espécies animais, mas nunca em humanos.

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A microbiota do pai importa para a saúde do bebê?

Por Daniel Fernandes e Gabrielle Delfrate – Departamento de Farmacologia – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Alguns tipos de bactérias podem induzir graves infecções. Mas você já deve ter ouvido falar que existem vários microrganismos coabitando o nosso corpo. Hoje sabemos que essa microbiota têm um papel fundamental na nossa saúde, inclusive prevenindo infecções. É como se as bactérias “boas” competissem com as “más” por espaço e alimento. Logo, desequilíbrios na microbiota intestinal, causado por exemplo pelo uso indevido de antibióticos, têm sido associados com o desenvolvimento de várias doenças. Já sabemos, por exemplo, que o uso de antibióticos pode afetar a saúde das mães e dos bebês. Mas você sabia que os pais também têm um papel importante nisso? 

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O que faz com que alguns espermatozoides sejam mais rápidos que outros?

Por Virginia Meneghini Lazzari – Departamento de Biologia Celular, UFSC

Caros leitores, vocês já pararam para pensar que mesmo as informações científicas podem ter uma “narrativa literária”? Pois então, estou aqui para contar para vocês uma história científica sobre amor e espermatozoides.

Começando pelo início…. Para que uma nova vida se forme, é necessário que ocorra a fecundação: a junção de um espermatozoide com um óvulo. Essa união ocorre após uma maratona de natação dos espermatozoides, em que milhões deles competem pelo mesmo óvulo. O caminho percorrido por estes milhões de espermatozoides impõe uma série de obstáculos para selecionar o espermatozoide mais apto à fecundação. Mas o que será que torna um espermatozoide “o escolhido”? Seria seu formato? Suas habilidades físicas ou químicas? Sua agilidade? Seu “amor”?

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Os efeitos do estresse podem ser transmitidos de pai para filho através do esperma

Por Marco Augusto Stimamiglio
Instituto Carlos Chagas – Fiocruz/PR

Marco - FiguraNos últimos anos, tem se tornado claro que as experiências de vida dos pais podem influenciar a saúde e o comportamento de seus filhos. Este fenômeno não diz respeito às heranças genéticas (relacionadas com a sequência do DNA de um organismo) transmitidas entre as gerações, mas sim a modificações epigenéticas. Esta herança epigenética Continuar lendo