Por Bruno Costa da Silva – Champalimaud Centre for the Unknown/Lisboa – Portugal
No começo de 2020, tivemos o início da trágica pandemia global do COVID-19, que mesmo quase dois anos depois ainda assombra as nossas vidas. Por se tratar de uma doença nova, contra a qual ninguém possuía imunidade pré-existente, tornou-se urgente o desenvolvimento de vacinas que prevenissem casos graves e se possível a propagação da infecção pelo novo coronavírus. Felizmente, apesar de estarmos ainda longe de obtermos altos índices de vacinação globais (especialmente nos países subdesenvolvidos), o que se viu foram múltiplas parcerias científicas-biotecnológicas que desenvolveram múltiplas vacinas através de diferentes estratégias. Neste cenário catastrófico, a gigante farmacêutica Pfizer, em parceria com a startup alemã BioNTech e sob a liderança da cientista Kathrin Jansen, viu o COVID-19 como uma oportunidade perfeita para testar uma tecnologia vacinal revolucionária. Ao invés de induzir imunidade a partir da injeção de partículas virais inativadas, a estratégia da Pfizer-BioNTech envolveu o uso de pequenas bolhas de gordura (chamadas de lipossomas) contendo fragmentos de material genético (RNA mensageiro – mRNA) do novo coronavírus. A ideia é que, uma vez injetadas, esses lipossomas carregam o material genético viral para células do indivíduo vacinado, sendo convertidos em proteínas virais. Essas proteínas virais, então, desencadeiam a montagem de uma resposta imunológica contra o vírus, tornando os vacinados imunes à infecção. O sucesso dessa nova estratégia tem levado cientistas a questionar se essa tecnologia pode ser útil no tratamento de outras doenças, incluindo outros vírus e até mesmo o câncer.
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