Ciência da vida da gente: como cientistas descobriram que exercícios físicos combatem a obesidade

Por Alessandra Melo de Aguiar – Instituto Carlos Chagas, Fiocruz.

Caros leitores, é com alegria que eu escrevo o meu primeiro texto para o Cientistas descobriram que… No artigo de hoje, vou falar de uma descoberta que pode trazer explicações científicas para o uso da atividade física no combate à obesidade. Cientistas descobriram que os exercícios físicos estimulam a produção de uma substância que reduz o apetite e a obesidade. A pesquisa de Veronica L. Li e colaboradores (2023) foi publicada online no dia 15/06/22 na conceituada revista Nature e, até a presente data, já teve cerca de 69 citações em revistas científicas, o que indica que o artigo serviu de base para novas pesquisas e novos achados científicos!

A prática de exercícios físicos regulares é tão importante para a saúde que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda pelo menos 150 a 300 minutos semanais de atividade aeróbica moderada a vigorosa para os adultos (OPAS, 2020). 

A OMS também indica que a prática de atividade física regular é de extrema importância para prevenir e controlar várias doenças, como doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e câncer, além de reduzir os sintomas de depressão e ansiedade, reduzir o declínio cognitivo, melhorar a memória e exercitar a saúde do cérebro (OPAS, 2020). Contudo, as substâncias produzidas no organismo e seus mecanismos de ação, responsáveis por mediar os benefícios da atividade física, não são totalmente conhecidos. 

Na busca dessas respostas, cientistas descobriram que uma substância liberada em resposta aos exercícios físicos pode ajudar a controlar a fome e a combater a obesidade. Mas como os cientistas fizeram isso? Primeiramente, foram estudados os componentes do sangue de camundongos submetidos a exercícios físicos e os cientistas encontraram uma nova substância, que foi posteriormente identificada como N-lactoil-fenilalanina (Lac-Phe).

Esse composto é produzido por diversos tipos celulares como macrófagos, monócitos e células epiteliais que apresentam a enzima carnosina dipeptidase 2 (CNDP2) que atua sobre o lactato, que normalmente é liberado em resposta aos exercícios físicos nos mamíferos em geral. Depois os cientistas conduziram vários testes em laboratório com cultivos celulares, modelos animais e análises bioquímicas e moleculares e os resultados alcançados indicaram que essa substância era capaz de reduzir a ingestão de alimentos, reduzir o acúmulo de gordura e reduzir o peso corporal em camundongos obesos. 

Os cientistas também descobriram que essa substância é detectada no sangue de cavalos de corrida e também de humanos após exercícios físicos, indicando que essa substância pode ser um marcador de resposta ao exercício em mamíferos, atuando no controle da ingestão de alimentos e influenciando o balanço energético. Contudo, os mecanismos de atuação desse novo composto para o controle da obesidade ainda não foram elucidados e devem ser objeto de novas pesquisas. Adicionalmente, o artigo não especifica tipos ou frequência das atividades físicas quando essa substância começa a atuar e trazer benefícios. Apesar dos dados promissores, a pesquisa realizada foi principalmente em modelos animais, e mesmo que os estudos de laboratório forneçam dados valiosos sobre os processos biológicos, esses resultados não podem ser ainda totalmente extrapolados para humanos.

Desta forma, pesquisas adicionais são necessárias, incluindo estudos clínicos em diversas fases para avaliar a segurança e eficácia de um possível novo tratamento. Mesmo com tantas coisas ainda a descobrir e comprovar pela ciência, uma coisa já sabemos: exercícios físicos melhoram a qualidade de vida e reduzem o risco de várias doenças (OMS, 2021). 

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