O novo coronavírus já estava circulando no Brasil antes dos primeiros relatos de infecção ao redor do mundo?

Por Catielen Paula Pavi PPG em Biotecnologia e Biociências/UFSC; Profa. Dra. Izabella Thaís Silva Dpto. de Farmácia, UFSC

Em dezembro de 2019, houve o primeiro relato de infecção pelo SARS-CoV-2, causador da COVID-19, em Wuhan, na China. Já nas Américas, o primeiro caso foi reconhecido nos Estados Unidos, em janeiro de 2020. Desde então, o vírus já causou mais de 4,5 milhões de mortes ao redor do mundo.

O SARS-CoV-2 possui rota de transmissão através das vias respiratórias e gera sintomas distintos em cada indivíduo. Por também afetar células do trato gastrointestinal (esôfago, estômago, intestino), acaba sendo eliminado por meio das fezes, gerando acúmulo de partículas virais nos esgotos. 

Observando isso, cientistas descobriram que o novo coronavírus estava circulando no município de Florianópolis, no estado de Santa Catarina (sul do Brasil), pelo menos desde novembro de 2019. Em contrapartida, o primeiro caso no Brasil foi confirmado 91 dias depois e, na região de Santa Catarina, 97 dias depois do observado no estudo. Mas como isso foi feito? 

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Glândulas salivares são alvos para o coronavírus

Por Filipe Modolo – Dpto. de Patologia, UFSC

Partículas virais (cabeça de seta) em meio às células das glândulas salivares. Fonte.

A pandemia do COVID-19 é um dos assuntos mais importantes do momento. Diversos textos de minha autoria desse blog científico já trataram de alguns aspectos relacionados à pandemia do COVID-19, com destaque para “O impacto da COVID-19 na saúde bucal,O impacto emocional do COVID-19 e “Os ensinamentos da pandemia”. Felizmente, a ciência é incansável e, por meio do árduo trabalho dos pesquisadores, diversas descobertas muito importantes têm sido noticiadas ultimamente.

Recentemente, cientistas descobriram que as glândulas salivares são um importante reservatório para o coronavírus! Neste momento, você pensa: “Mas, espera aí, qual a novidade?! Todo mundo já sabe que as gotículas (cheias de saliva) infectadas pelo coronavírus e disseminadas por meio da tosse, do espirro ou da fala de um paciente doente, são a principal forma de contaminação! Até por isso recomenda-se o uso de máscaras e o distanciamento social!” …

A resposta para essa pergunta está na complexidade da saliva! A saliva é um fluido corporal fruto da mistura de 4 componentes principais: fluido produzido e secretado pelas glândulas salivares, fluido gengival, secreções respiratórias e células bucais descamadas. Não se sabe exatamente quais desses componentes são portadores do vírus… Partindo dessa premissa, um grupo de pesquisadores brasileiros da USP, Instituto Adolfo Lutz e Universidade de Michigan estudaram amostras teciduais de glândulas salivares de pacientes que faleceram devido ao COVID-191.

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