Será que hormônios podem melhorar a memória?

Virgínia Meneghini Lazzari – Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética – UFSC

O comportamento humano é algo muito interessante, concordam? Cientistas do mundo inteiro buscam explicar as mais diversas possibilidades comportamentais que podemos assumir ao longo da vida e os porquês das variações destes comportamentos entre indivíduos. Um tema muito estudado nesta área da ciência é a consolidação da memória e as possíveis diferenças apresentadas entre pessoas do sexo feminino e do sexo masculino. Cabe ressaltar aqui que variações intersexuais são possíveis e que os estudos sobre o assunto focam no sexo biológico relacionado aos cromossomos sexuais e aos níveis hormonais circulantes nas pessoas.

Sobre as diferenças entre os sexos, evidências de estudos sugerem que, nas funções de memória episódica (aquela memória que nos recorda os fatos e experiências vividas, localizadas no espaço e no tempo), as mulheres tendem a ser melhores que os homens. Provavelmente essa informação pegou poucos leitores de surpresa, certo? É bastante comum, quando pensamos em datas e experiências vividas, que as mulheres apresentem uma lembrança mais detalhista, em geral. Veja bem, caro leitor do sexo masculino, não está liberado esquecer datas importantes como casamento, namoro, etc. baseado neste texto, ok? Brincadeiras à parte, essa superioridade feminina varia com o tipo de tarefa e o material de estímulo utilizado.

Continuar lendo

O que faz com que alguns espermatozoides sejam mais rápidos que outros?

Por Virginia Meneghini Lazzari – Departamento de Biologia Celular, UFSC

Caros leitores, vocês já pararam para pensar que mesmo as informações científicas podem ter uma “narrativa literária”? Pois então, estou aqui para contar para vocês uma história científica sobre amor e espermatozoides.

Começando pelo início…. Para que uma nova vida se forme, é necessário que ocorra a fecundação: a junção de um espermatozoide com um óvulo. Essa união ocorre após uma maratona de natação dos espermatozoides, em que milhões deles competem pelo mesmo óvulo. O caminho percorrido por estes milhões de espermatozoides impõe uma série de obstáculos para selecionar o espermatozoide mais apto à fecundação. Mas o que será que torna um espermatozoide “o escolhido”? Seria seu formato? Suas habilidades físicas ou químicas? Sua agilidade? Seu “amor”?

Continuar lendo

No autismo, o amor é o calor que aquece

Por Julia Fernandez Puñal Araújo e Geison Souza Izídio, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento caracterizado por desafios como interação social, fala e comunicação não-verbal, bem como comportamentos repetitivos. No entanto, comportamentos sensoriais atípicos são um aspecto central do autismo, pois afetam cerca de 90% das crianças. 

Devido à complexidade de se estudar o cérebro de recém-nascidos, ou mesmo de crianças, existem modelos animais de camundongos, que imitam alguns aspectos do autismo e que permitem avanços significativos nesta área de pesquisa. Sabe-se que durante a primeira semana de vida destes camundongos, a integridade sensorial é fundamental, pois os recém-nascidos têm que realizar comportamentos inatos vitais, como, por exemplo, a busca de mamilos para se alimentar. Por nascerem pouco desenvolvidos (sem pelos, cegos e com pouca mobilidade corporal), os filhotes de camundongos apresentam, nos primeiros dias de vida, uma dependência materna muito maior que bebês humanos para lidar com todos os desafios.

Continuar lendo