Células-tronco, câncer e as células-tronco tumorais

Por Filipe Modolo – Dpto. de Patologia, UFSC

As células-tronco possuem a capacidade de diferenciar em diversos tipos de células de nosso organismo e isso faz delas objeto de grande interesse na ciência. Recentemente, diversas pesquisas mostraram os resultados positivos da utilização de células-tronco no tratamento de doenças, como hemofilia, osteogênese imperfeita, lesões de cartilagem ou na recuperação da medula óssea após quimioterapia/radioterapia, na recuperação do músculo cardíaco após infarto do miocárdio e no tratamento de lesões neurais após acidente vascular encefálico ou trauma. Além disso, diversos estudos clínicos envolvendo células-tronco estão em desenvolvimento e os resultados são bastante promissores.

No entanto, as mesmas qualidades que tornam as células-tronco valiosas na medicina regenerativa, na engenharia tecidual e na biotecnologia, como a capacidade de proliferar dando origem a outras células-tronco, também podem causar problemas à saúde. Cientistas descobriram que… mutações que afetam o potencial de diferenciação das células-tronco, combinadas com a falta de controle da sua capacidade proliferativa, podem transformá-las em “células-tronco tumorais“.

Acredita-se que as células-tronco tumorais desempenhem um papel crucial na iniciação e, nas mudanças bioquímicas teciduais necessárias para a evolução do câncer e ajudem os tumores a driblar os mecanismos de envelhecimento e morte celular. Diversos cientistas afirmam que essa população de células é a geradora de todas as outras células presentes no tumor, sendo responsáveis pela heterogeneidade tumoral. Além disso, a influência das células-tronco tumorais é fundamental na resistência à quimioterapia, na recorrência do câncer após o tratamento e na ocorrência de metástases, que são focos do tumor à distância. Sendo assim, as células-tronco tumorais seriam responsáveis pelas sequelas e pela alta mortalidade de pacientes portadores de câncer.

Não obstante, as tentativas de desenvolvimento de tratamentos direcionados à destruição das células-tronco tumorais frequentemente esbarram na dificuldade em identificá-las no câncer e no pouco entendimento que temos sobre seu comportamento. Além disso, é importante que o tratamento contra as células-tronco tumorais não atrapalhe a função das células-tronco saudáveis, que são essenciais para a nossa sobrevivência.

Felizmente, mesmo com a presença das células-tronco tumorais, a grande maioria dos cânceres pode ser tratada ou, no mínimo, controlada, desde que sejam diagnosticados de forma precoce, levando o paciente a uma sobrevida mais longa e com mais qualidade. Por isso, recomenda-se que, sempre que possível, sejam realizadas consultas de rotina com profissionais da saúde e checkups periódicos (mesmo quando nos sentimos bem e saudáveis), pois esses podem ajudar a prevenir e detectar precocemente muitas doenças, além do câncer.

Além disso, a adoção de hábitos de vida mais saudáveis como uma boa alimentação rica em vegetais e frutas das mais diversas cores, uma rotina de exercícios físicos não exagerados e a diminuição do stress são fatores que comprovadamente diminuem as chances de ficarmos doentes! Vamos tentar?

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