“Donzelas invocadinhas” estruturam os comportamentos de disputa em recifes de corais

 Por Luisa Fontoura & Sergio R. Floeter, Dpto. de Ecologia e Zoologia, UFSC

Conhece aquela frase “no fundo, somos todos muito parecidos”? Pois é, nas profundezas dos recifes de coral de quase todo o mundo, as disputas por recursos entre pequenos peixes são muito parecidas. Apesar de distribuídos por todos os oceanos tropicais, os recifes não são todos iguais.

No Brasil, os recifes abrigam uma diversidade menor de espécies de peixes comparados aos do Caribe que, por sua vez, têm menor diversidade que os belíssimos e complexos recifes do Indo-Pacífico. Nos recifes, em meio a corais arborescentes, coloridas esponjas tubulares e delicados tufos de algas, pequenos peixes estão em constante disputa. Este comportamento agonístico (quando um peixe é agressivo e persegue outro, por exemplo), pode representar a competição por recursos, como é o caso do alimento ou espaço. E espaço para alguém que mantém um território, como muitas donzelinhas (peixes da família Pomacentridae), é fundamental!

Pesquisadores utilizaram câmeras para investigar o comportamento de peixes em recifes distribuídos em diferentes regiões biogeográficas, ao longo de um gradiente de diversidade de 34 mil quilômetros, desde Bali, na Indonésia, até Atol das Rocas, no Brasil. Após analisar mais de 87 horas de filmagens e medir as interações agonísticas entre as espécies de peixes recifais, ficou claro que o número destas disputas é muito similar, independentemente do recife e do número de espécies de peixes no local.

Apesar da riqueza de espécies ser diferente entre recifes, a estrutura das interações agonísticas é muito semelhante, liderada por um grupo de peixes particularmente “invocados”: as donzelinhas herbívoras e territoriais. As espécies de donzelinhas do Atlântico não são as mesmas do Indo-Pacífico, mas há características similares entre elas, como o comportamento de defesa de território onde se concentram seus itens alimentares preferidos (algas), o que coloca este grupo no centro da rede de interações agonísticas dos recifes de coral. No fundo, apesar de distantes (geográfica e filogeneticamente), as donzelinhas não só são mesmo muito parecidas, como também revelam similaridades entre comunidades marinhas de locais muito diferentes.

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