Podem não acreditar, mas também há vírus “bons”!

Por Rita Zilhão, Faculdade de Ciências de Lisboa, Portugal

Estando o mundo num tempo de epidemia viral, a pandemia do SARS-CoV-2, os vírus ficarão seguramente ainda mais “mal vistos” e assustadores do que já são. Lembrei-me, no entanto, em defesa dos vírus, que seria interessante recordar que alguns vírus podem ser muito úteis, nomeadamente para combater infeções bacterianas. De facto, há quase um século “Os Cientistas Descobriram que”1,2 um determinado tipo de vírus, os bacteriófagos (i.e., vírus que infectam bactérias), podiam ser utilizados para combater infeções bacterianas – a chamada terapia fágica. Contudo, cerca de 20 anos depois, em 1945, descobre-se a primeira molécula com função anti-microbiana – a penicilina –despoletando o desenvolvimento do mundo dos antibióticos, com a consequente descontinuação na investigação da terapia com fagos (sobretudo nos países do Ocidente). Continuar lendo

Os vírus são capazes de conversarem entre si

Por Ricardo Castilho Garcez                                                                                                  
Dpto. de Biologia Celular, Embriologia e Genética – UFSC

Para que um vírus possa se multiplicar, ele precisa infectar uma célula. Após a infecção, o vírus passa a controlar a maquinaria de produção de proteínas da célula hospedeira, obrigando-a a produzir novos vírus. Esse processo acaba levando a célula hospedeira à morte, liberando vários vírus que irão infectar novas células. Note que existe um paradoxo nesse sistema, pois ao matar as células hospedeiras, o vírus tende a ficar sem ter como se multiplicar. Porém, recentemente cientistas israelenses descobriram que alguns vírus se comunicam entre si controlando Continuar lendo