Evolução das bactérias “à la carte” quando expostas ao tratamento com antibióticos

Por Rita Zilhão – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Portugal

Figura 1: Estrutura geral dos integrons. IntT– gene que codifica a integrasse. GC – diferentes cassetes de resistência a antibióticos (adaptado de Stalder T. et al. (2012).

A resistência aos antibióticos continua a ser um problema em saúde pública devido à notável destreza de resposta das bactérias a alterações ambientais, tais como a presença de antibióticos.

Mas de onde vem esta flexibilidade das bactérias? Ora, uma das estratégias que as bactérias desenvolveram foram os chamados elementos genéticos móveis, isto é, segmentos de DNA que se podem mover não só dentro do próprio genoma de uma bactéria como ser transferidos para uma bactéria diferente. Através destes elementos as bactérias podem adquirir novos genes que, inclusivamente, já podem ter sobrevivido ao desafio da seleção natural em outras espécies bacterianas. Globalmente, a diversidade genética bacteriana aumenta e confere-lhes uma faceta de sobrevivência que, representando em si uma vantagem para as mesmas, pode ser um problema para o homem como o que se observa na propagação global da resistência aos antibióticos cujos genes de resistência fazem frequentemente parte destes elementos.

Mas vejam o seguinte: na ausência de antibióticos não tem então muito sentido a bactéria adquirir genes de resistência, que não lhe são necessários, assim como produzir proteínas de resistência (caso já contenha os genes de resistência). Ambos os mecanismos são dispendiosos e podem reduzir a viabilidade da bactéria sendo mais um prejuízo que uma vantagem. Contudo, se surge um antibiótico seria muito vantajoso que a célula já estivesse preparada para lhe resistir, certo?

Continuar lendo