Sífilis: a história de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) possivelmente exportada das Américas para o Velho Mundo

Por Ricardo Mazzon, Dpto. de Microbiologia, UFSC

A sífilis epidêmica, doença causada pela espiroqueta Treponema pallidum subesp. pallidum, provavelmente é tão antiga quanto o advento das civilizações humanas modernas. Isto porque existem relatos de doenças com característica bastantes similares e de transmissão sexual que remetem à sífilis, embora sem comprovação, já no antigo Egito. Acredita-se que a primeira descrição confiável da sífilis ocorreu no século XV, devido a um evento epidêmico de grandes proporções na Europa a partir do retorno das tropas francesas regressando da Itália. Nessa época, a doença apresentava alta letalidade. Durante a Primeira Guerra Mundial, foi a segunda doença que mais afastou combatentes, perdendo apenas para a gripe espanhola. Já no início do século XVI, tinha-se a noção da transmissão da sífilis por meio de intercurso sexual, sendo que essa foi a provável explicação para a sua disseminação pelo mundo. 

Após 50 a 100 anos do evento epidêmico de 1495, a doença se tornou menos agressiva e menos letal, se mostrando mais episódica como é atualmente. Ela passou a apresentar fases mais marcadas, sendo a primeira fase representada pelas úlceras genitais, que se cicatrizam espontaneamente sem tratamento. Na segunda fase, na qual há o desenvolvimento de erupções cutâneas, febre e dores intensas. Em seguida, a infecção torna-se latente e assintomática por muitos anos até que a fase terciária da doença se manifesta por abcessos, úlceras, deformações (lesões gomatosas) culminando em debilidade severa e morte.

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Música sertaneja: um Brasil que dialoga com “o outro”

 Gustavo - FiguraTonico e Tinoco elogiaram os militares; Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo e Sula Miranda apoiaram Collor; Caetano Veloso produziu e interpretou a trilha sonoro de Dois Filhos de Francisco. O CDQ convidou o historiador Gustavo Alonso para nos explicar como a percepção do bom e do mal gosto tem sido construída por artistas, universidade e mídia ao longo da nossa história

Por Gustavo Alonso – UFPE Continuar lendo

Por que estas mulheres são inesquecíveis?

Convidado especial do Cientistas descobriram que…                                                              Prof. Dr. Gilberto Cézar de Noronha                                                                                            Núcleo de Estudos e Pesquisas em História Política – INHIS – UFU – MG.

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Gilberto ImagemAté bem pouco tempo, supúnhamos que as mulheres que viveram no Brasil, no período colonial, fossem esposas “submissas e dedicadas apenas aos seus lares, ao casamento e aos filhos”. Sobretudo as mais abastadas, já que as mais pobres, muitas vezes, se viam obrigadas a transgredir a moral vigente, precisando trabalhar, já que nem todas tinham marido. Nas últimas décadas, entretanto, Continuar lendo