Um novo monstro no pedaço?

Por Paulo César Simões-Lopes – Departamento de Ecologia e Zoologia – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Somos fascinados por pesos e tamanhos. Quem é o maior ou o menor ou o que vive mais ou mais venenoso ou a mordida mais forte?… Saber sobre esses detalhes nos dá uma falsa sensação de conhecimento ou intelectualidade. Podemos jogar isso sobre os outros e parecer melhores. É um ato simplório, mas também corriqueiro.

Faz tempo que sabemos de que as baleias-azuis são os maiores vertebrados do planeta, e mais, sabemos que o prêmio máximo coube a uma fêmea. Era uma baleia de 160 toneladas, muito acima do que os guias de identificação preconizam1.

Depois vieram as descobertas do que se chamou de Supersaurus, uma versão amplificada dos pescoçudos Apatosauros e Diplodocus reinantes no Jurassic Park2. Eles de fato eram maiores que as baleias azuis, mas pelo menos três vezes2-3 mais leves e assim ficou difícil de lhes dar o prêmio máximo.

Então, este ano veio uma nova bomba. Os Cientistas Descobriram Que, debaixo das rochas andinas do Peru, existiam achados espetaculares. Ossos fósseis de uma criatura muito pesada jaziam ali. Os primeiros cálculos estavam baseados em algumas vértebras torácicas e suas costelas associadas. Essa primeira estimativa extrapolou os valores conhecidos até então e propôs que o monstro tinha 340 toneladas. O monstro era uma nova baleia fóssil e ganhou o nome de Perucetus colossos, nada mais justo para valores colossais, que alcançariam o peso de DUAS baleias azuis recordistas. 

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Será que vale a pena virar a noite estudando para uma prova?

Por Virgínia Lazzari (Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética ) e Luiza Bazzaneze – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Os estudantes frequentemente utilizam a tática de “virar a noite estudando” na tentativa de obter melhores notas. Será que essa é uma boa estratégia? 

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Para responder a essa questão, vamos falar um pouco sobre a estrutura cerebral responsável pela formação de novas memórias e suas funções: o hipocampo. Essa estrutura faz parte do Sistema Límbico, estando relacionada ao controle comportamental, emocional, de aquisição e consolidação de memórias, além de ser essencial no processo de aprendizagem. Suas principais células são os neurônios piramidais, responsáveis pela comunicação com diferentes regiões cerebrais.

Durante o período de sono, as células piramidais do hipocampo emitem ondas agudas SWRs (Sharp Wave Ripples) em uma frequência determinada de disparos elétricos. Essas ondas são originadas em uma pequena área hipocampal, mas distribuídas por toda a sua extensão e, além, produzindo atividades de disparo sincronizadas. Para criar uma memória, essa atividade cerebral fica repetindo os padrões de disparo usados, tornando o “caminho” neuronal associado a ela mais forte e estável. Quando estamos acordados, é normal que ocorra uma alta frequência de disparos neuronais, pois muitas informações estão chegando ao nosso cérebro. Durante o sono, deve ocorrer uma redução da frequência de ativação dos neurônios, bem como a “reativação” de alguns padrões que ocorreram durante o dia. Com a reativação desses padrões, ocorre o fortalecimento e a consolidação das memórias a serem mantidas. Dessa forma, as SWR fortalecem as conexões associadas à memória, melhorando seu armazenamento e a capacidade de criar recordações relacionadas ao aprendizado.

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Extra! Extra! Transplante de polpa dental realizado com sucesso em paciente

Por Michelle Tillmann Biz – Departamento de Ciências Morfológicas – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

A polpa dental é o tecido que se encontra dentro do dente, e é responsável pela sua vitalidade e sensibilidade. Com isso, perder a polpa dental (seja por cárie ou trauma) faz com que o dente perca completamente sua vitalidade e sensibilidade. 

O tratamento atual disponível na Odontologia para dentes já formados que perdem sua polpa dental prevê limpeza e alargamento do espaço que contém a polpa dental (câmara pulpar) e seu preenchimento com um material resinoso. Entretanto, apesar da manutenção do dente na arcada dentária em sua função (o que é ótimo para o paciente!) este mesmo dente não apresentará mais a sensibilidade e a sua vitalidade, ou seja, perde as caraterística de um dente vital. 

Dentro desta perspectiva do reestabelecimento da vitalidade pulpar, muito se tem falado na utilização das células tronco. Alguns trabalhos já demonstraram ser possível a utilização de células tronco de dentes humanos para a revitalização da polpa, mas enfocando principalmente em dentes em formação. Porém são trabalhos que foram realizados em animais, com fragmentos de dentes, sempre deixando a pergunta no ar: seria possível transpor para a clínica diária? Seria possível realizar esta técnica em pacientes alcançando a revitalização da polpa dental?

E se eu te disser que cientistas descobriram que é possível realizar o autotransplante de polpa humana em pacientes com sucesso? Simmmmm! E este relato traz particularidades muito interessantes. Vem comigo para saber mais!

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Revolucionando o Tratamento da Insuficiência Cardíaca

Daniel Fernandes e Gabrielle Delfrate – Departamento de Farmacologia – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

A insuficiência cardíaca é uma condição grave em que o coração não consegue bombear o sangue de maneira eficaz, resultando em uma distribuição inadequada de oxigênio pelo corpo. Esse comprometimento pode levar a sintomas como fadiga, falta de ar e, em alguns casos, tosse persistente. Atividades diárias simples, como caminhar, subir escadas ou carregar compras, podem se tornar extremamente desafiadoras.

A boa notícia é que o tratamento adequado pode aliviar os sintomas e, em alguns casos, ajudar as pessoas a viverem mais tempo e com melhor qualidade de vida. Além disso, recentemente, cientistas descobriram uma nova alternativa  com o potencial de reduzir significativamente os danos causados pela insuficiência cardíaca e outras doenças cardiovasculares.

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