As melhores descobertas científicas publicadas em 2024 no CDQ

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Um novo recorde para o Guiness book das bactérias

Por Giordano Wosgrau Calloni e Ricardo Mazzon – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Ao pensar em bactérias, comumente se imagina organismos unicelulares microscópicos, invisíveis a olho nu e que requerem instrumentos especiais para serem vistos. Essa ideia é geralmente correta, mas não em todos os casos. 

A maioria das bactérias não é visível sem um microscópio devido ao limite de resolução dos olhos humanos. Esse limite é a menor distância entre dois pontos que ainda podem ser percebidos como distintos. Por exemplo, o olho humano tem um limite de resolução de cerca de 0,2 mm, o que significa que distâncias menores se tornam invisíveis. Abaixo desse limite, é necessário usar um microscópio óptico de luz (M.O.L), que permite ver objetos cerca de 1.000 vezes menores. Assim, uma célula bacteriana que apresenta tamanho médio entre 1 e 2 micrômetros de comprimento não pode ser vista a olho nu porque possui um tamanho muito diminuto (um ou dois milésimos de milímetro, i.e., 0,001 e 0,002 mm), e, portanto, está muito abaixo do limite de resolução do olho humano. Portanto, tudo que está acima de 0,2 mm é visível a olho nu. 

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Os carros quânticos seriam a novidade do futuro?

Os carros quânticos seriam a novidade do futuro?

Por Por Paula Borges Monteiro – Grupo de Estudos em Tópicos de Física -IFSC

Vivemos um momento no qual os carros elétricos fazem parte da paisagem urbana. Os motores elétricos, que permitiram a transformação de forma geral no modo de vida das pessoas, surgiram ainda no século XIX, mostrando o quão longa pode ser a caminhada da ciência. O blog “Cientistas Descobriram que…” traz hoje a pesquisa de 10 cientistas chineses, publicada na Physical Review Letters, revista científica da American Physical Society, no dia 30 de abril de 2024. O trabalho, intitulado “Dispositivo de conversão de energia usando um motor quântico com dois átomos emaranhados como meio de trabalho” (Energy-Conversion Device Using a Quantum Engine with the Work Medium of Two-Atom Entanglement), sugere uma nova possibilidade de utilização da energia em nossos meios de transporte. Seria o início de uma futura era de carros quânticos?

O emaranhamento quântico já foi assunto do blog em 2015 (acesse o texto aqui), um fenômeno abordado em diversas pesquisas no mundo inteiro, que permite tornar a computação mais rápida, aumenta o processamento de informações e torna a comunicação segura. Para entendermos as novidades do estudo chinês, primeiramente vamos entender o que é um motor térmico.

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A fórmula mágica para emagrecer… será verdade?

Por Hélia Neves – Faculdade de Medicina de Lisboa – Portugal

A prevalência da obesidade tem aumentado no Brasil e em Portugal, refletindo uma tendência global. Segundo a Organização Mundial da Saúde, desde os anos 90, a prevalência de obesidade duplicou em adultos e quadruplicou em crianças e adolescentes1. Em 2022, cerca de 16% dos adultos e 8% das crianças e adolescentes no mundo eram obesos, elevando o risco de doenças como diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares e certos tipos de cancro (câncer em português brasileiro).

Dada a preocupação crescente com a obesidade e as doenças metabólicas, muitos investigadores têm intensificado esforços para encontrar tratamentos eficazes para estes problemas. E os cientistas descobriram que… existe uma hormona (hormônio em português brasileiro), o péptido (peptídeo em português brasileiro) semelhante a glucagon 1, GLP-1 (Glucagon-like Peptide-1), importante na regulação do metabolismo dos açúcares e na modulação da saciedade, influenciando diretamente o controlo (controle em português brasileiro) do peso corporal. Embora o GLP-1 tenha sido identificado em 1983, a sua utilização foi limitada por se tratar de um péptido rapidamente degradado no organismo. Só recentemente os investigadores conseguiram desenvolver um análogo sintético do GLP-1, a semaglutida (cohecido com o nome comercial Ozempic), uma molécula peptídica modificada para aumentar a sua estabilidade e prolongar a sua atividade no corpo. Por ser um agonista do recetor de GLP-1, a semaglutida liga-se ao recetor do GLP-1, ativando-o e imitando a ação natural do GLP-1 (revisto em 2).

Com esta descoberta, a semaglutida começou a ser usada em ensaios clínicos para tratar diabetes tipo 2, demonstrando resultados promissores3. Os ensaios revelaram melhorias significativas no controle glicémico (glicêmico em português brasileiro) e um aumento na sensação de saciedade, contribuindo para a prevenção de picos de glicose pós-refeição. Além disso, o uso deste fármaco ajudou à regulação do apetite reduzindo a ingestão alimentar, o que levou à perda de peso em alguns participantes. Mais recentemente, outros ensaios clínicos mostraram benefícios para indivíduos com obesidade e pré-diabetes, com uma redução notável no peso e melhorias na normoglicemia4

O que faz então este agonista de GLP-1R, a semaglutida, no nosso organismo? 

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