Espessura do cemento: seria este um novo parâmetro para predizer a idade do indivíduo na ciência forense?

Por Michelle Tillmann Biz – Departamento de Ciências Morfológicas – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

O cemento é um dos tecidos que compõem o dente, cobrindo a superfície externa da raiz dental. É composto de tecido mineralizado que possui pouca remodelação, mas que apresenta uma deposição contínua em camadas, formando linhas intercaladas que demarcam a deposição do cemento ao longo da vida do indivíduo. Sendo assim, poder-se-ia pensar em utilizar este parâmetro de deposição de cemento como padrão para a previsão da idade de um indivíduo, informação esta que poderia compor os dados de análise na ciência forense (ciência que investiga dados de determinado indivíduo a partir de amostras deste, como partes do corpo, neste caso, o dente, buscando identificá-lo). 

Historicamente, o método de avaliar as camadas intermitentes de cemento depositadas é utilizado por cientistas para mamíferos terrestres e aquáticos. Para isso é necessária uma análise histológica do dente em questão, de forma padronizada para ser avaliado em microscópio.  Com ajuda do microscópio, imagens em maior aumento são obtidas de tal forma que a espessura de cemento pode ser analisada. Esta análise é feita desde a margem de junção com a dentina (tecido mais interno da raiz do dente) até a superfície externa do dente. Na sequência, os valores são inseridos em uma equação de regressão linear que permite a estimativa da idade. 

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Combinação de silício e lítio pode auxiliar na regeneração do tecido que sustenta os dentes

Combinação de silício e lítio pode auxiliar na regeneração do tecido que sustenta os dentes

Por Michelle Tillmann Biz – Departamento de Ciências Morfológicas – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

O dente é suportado nos maxilares por uma rede de fibras grossas que o prendem no osso alveolar: o chamado periodonto de sustentação. O periodonto é uma estrutura complexa que dá suporte ao dente, composto pelo ligamento periodontal (tecido mole) que ancora o dente através do cemento (tecido mineralizado) ao osso alveolar (tecido mineralizado). Tal qual outros tecidos do nosso corpo, o periodonto de sustentação pode sofrer inflamação/infecção, o que caracteriza uma doença periodontal. Os últimos relatórios da OMS indicam que cerca de 19% da população adulta sofre de sua forma grave, que acarreta destruição irreversível do periodonto, causando perda dentária. Regenerar esse arranjo complexo de tecidos mineralizados e moles é um grande desafio clínico nos dias atuais. 

Figura 1 – Esquema da constituição do periodonto

Dentre as estratégias adotadas atualmente encontram-se os materiais que combinam silício e lítio. Estes materiais têm sido amplamente estudados na regeneração periodontal, pois estimulam o reparo ósseo por meio da liberação de ácido silícico, ao mesmo tempo em que fornecem estímulos regenerativos por meio do lítio, o qual ativa a via Wnt/β-catenina (uma via de sinalização celular envolvida no processo de regeneração). No entanto, os materiais existentes para liberação combinada de lítio e silício apresentam controle limitado sobre as quantidades e a cinética de liberação de íons. Mas, recentemente Cientistas Descobriram Que é possível combinar silício poroso com pré-litiação para obter a regeneração do periodonto de sustentação. Mas o que isso significa?  

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As melhores descobertas científicas publicadas em 2024 no CDQ

As melhores descobertas científicas publicadas em 2024 no CDQ

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Extra! Extra! Transplante de polpa dental realizado com sucesso em paciente

Por Michelle Tillmann Biz – Departamento de Ciências Morfológicas – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

A polpa dental é o tecido que se encontra dentro do dente, e é responsável pela sua vitalidade e sensibilidade. Com isso, perder a polpa dental (seja por cárie ou trauma) faz com que o dente perca completamente sua vitalidade e sensibilidade. 

O tratamento atual disponível na Odontologia para dentes já formados que perdem sua polpa dental prevê limpeza e alargamento do espaço que contém a polpa dental (câmara pulpar) e seu preenchimento com um material resinoso. Entretanto, apesar da manutenção do dente na arcada dentária em sua função (o que é ótimo para o paciente!) este mesmo dente não apresentará mais a sensibilidade e a sua vitalidade, ou seja, perde as caraterística de um dente vital. 

Dentro desta perspectiva do reestabelecimento da vitalidade pulpar, muito se tem falado na utilização das células tronco. Alguns trabalhos já demonstraram ser possível a utilização de células tronco de dentes humanos para a revitalização da polpa, mas enfocando principalmente em dentes em formação. Porém são trabalhos que foram realizados em animais, com fragmentos de dentes, sempre deixando a pergunta no ar: seria possível transpor para a clínica diária? Seria possível realizar esta técnica em pacientes alcançando a revitalização da polpa dental?

E se eu te disser que cientistas descobriram que é possível realizar o autotransplante de polpa humana em pacientes com sucesso? Simmmmm! E este relato traz particularidades muito interessantes. Vem comigo para saber mais!

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