Por Paulo César Simões-Lopes – Dpto de Ecologia e Zoologia – UFSC
Nem todas as invasões são tão silenciosas… H. G. Wells, em sua Guerra dos Mundos, nos contou sobre uma invasão marciana para lá de escandalosa, com máquinas gigantes que sugavam pessoas num mundo em caos. Na Europa dos séculos II a VII, os godos, visigodos e hunos também promoveram invasões escandalosas, mas o que os romanos não sabiam era o que aquelas carretas transportavam. Enquanto os tais ‘bárbaros’ se deslocavam, ratazanas asiáticas apeavam por toda Europa, depois da bem-vinda e improvável carona. Foi uma invasão silenciosa, mas de consequências devastadoras.
Invasões biológicas são uma história à parte e nem sempre tiveram a mão do homem, mas a verdade é que demos um empurrão e tanto depois da nossa chegada. As ratazanas e camundongos embarcaram secretamente em nossos navios e invadiram todos os continentes. Os vírus foram infiltrados como arma de guerra espanhola contra os astecas, maias e incas (existem várias evidências disso!) e mais recentemente se valeram de aviões para conquistar o mundo. Porcos, cabras, galinhas, cães, gatos, lebres, pombos e pardais foram convidados oficiais, além de uma miríade de plantas frutíferas. Também seriam transportados, com todo esmero, o caramujo-gigante-africano, minhocas, rãs-touro, carpas, tilápias, camarões-da-Malásia e por aí vai.
Recentemente, outras invasões silenciosas estão em curso. O mexilhão-dourado desembarcaria no Brasil e na Argentina durante a década de 1990, vindo na água de lastro dos navios mercantes. Logo invadiria as bacias dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, Tietê, Sinos e Caí e obstruiria as tubulações de usinas hidroelétricas, filtros e motores.
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