As melhores descobertas científicas publicadas em 2024 no CDQ

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Você ouve sua voz interior? Explorando as consequências comportamentais da anendofasia 

Por Vanessa Shigunov (Psicóloga) e Patrícia Shigunov (FIOCRUZ)

A anendofasia é um fenômeno psicológico caracterizado pela ausência de um monólogo interno ou fala interior, que é a capacidade de “ouvir” pensamentos verbais na mente. Enquanto muitas pessoas experimentam uma forma contínua de diálogo interno que ajuda na organização de ideias, na tomada de decisões e na reflexão sobre experiências, indivíduos com anendofasia não possuem essa narrativa interna verbalizada. Em vez disso, seus processos de pensamento podem ocorrer de maneira não verbal, utilizando imagens visuais, sensações ou outras formas de cognição. Cientistas descobriram que a variabilidade na fala interna das pessoas possui consequências comportamentais e em tarefas cognitivas.

Pesquisadores da Dinamarca e dos Estados Unidos estudaram as diferenças entre pessoas com graus distintos de fala interna em relação aos processos da memória operacional verbal. Eles acreditavam que lembrar de palavras seria mais difícil para as pessoas sem voz interna, pois elas não utilizam o exercício de repetir para si mesmas o que precisam memorizar. Por outro lado, aquelas que possuem voz interior mais ativa reforçariam a informação que precisam reter por meio desse diálogo interno. Essa hipótese foi confirmada pela pesquisa, demonstrando que a presença de uma voz interna facilita a memorização de palavras.

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Será que hormônios podem melhorar a memória?

Virgínia Meneghini Lazzari – Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética – UFSC

O comportamento humano é algo muito interessante, concordam? Cientistas do mundo inteiro buscam explicar as mais diversas possibilidades comportamentais que podemos assumir ao longo da vida e os porquês das variações destes comportamentos entre indivíduos. Um tema muito estudado nesta área da ciência é a consolidação da memória e as possíveis diferenças apresentadas entre pessoas do sexo feminino e do sexo masculino. Cabe ressaltar aqui que variações intersexuais são possíveis e que os estudos sobre o assunto focam no sexo biológico relacionado aos cromossomos sexuais e aos níveis hormonais circulantes nas pessoas.

Sobre as diferenças entre os sexos, evidências de estudos sugerem que, nas funções de memória episódica (aquela memória que nos recorda os fatos e experiências vividas, localizadas no espaço e no tempo), as mulheres tendem a ser melhores que os homens. Provavelmente essa informação pegou poucos leitores de surpresa, certo? É bastante comum, quando pensamos em datas e experiências vividas, que as mulheres apresentem uma lembrança mais detalhista, em geral. Veja bem, caro leitor do sexo masculino, não está liberado esquecer datas importantes como casamento, namoro, etc. baseado neste texto, ok? Brincadeiras à parte, essa superioridade feminina varia com o tipo de tarefa e o material de estímulo utilizado.

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Memórias, não são só memórias!

Por Geison Souza Izídio, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

Temos a tendência natural a tratar nossas memórias do passado, como verdades absolutas. Para nós, elas são representações fidedignas de eventos, que se passaram em nossas vidas. Baseados nas nossas memórias podemos inclusive evocar estados de felicidade, ou de sofrimento intenso, no presente.

O treinador de futebol Jorge Sampaoli recentemente iniciou o seu trabalho no comando do Flamengo. Numa entrevista, concedida em junho de 2023, Jorge afirmou, por duas vezes, que se lembrava muito bem da sua primeira vez trabalhando no Maracanã. Teria sido em um jogo onde ele dirigia a “Universidad de Chile” contra o Flamengo de Ronaldinho Gaúcho, em outubro de 2011. Ótima memória para um evento de mais de 10 anos atrás, não? Porém, na verdade, o jogo nunca foi realizado no Maracanã, mas sim em outro estádio, o Engenhão!

Como poderia Jorge ter confundido dois estádios tão diferentes, que ficam a quilômetros de distância? Seriam nossas memórias representações não precisas de eventos passados? Podemos ter lembranças falsas a respeito da nossa própria vida?

Há muito tempo a comunidade científica sugere que existe uma representação física das memórias no cérebro, algo que é conhecido como engrama. Mas há 10 anos, em julho de 2013, cientistas do MIT, nos EUA, revolucionaram a ciência demonstrando, no cérebro de camundongos, que seria realmente possível implantar memórias falsas.

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Bloqueio do hormônio sexual FSH reduz o desenvolvimento do mal de Alzheimer em mulheres

Por Ricardo Castilho Garcez, Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética – UFSC

Modificado a partir de Flores, et al., 2018

O mal de Alzheimer é uma doença bastante conhecida por causar perda de memória. Há um tempo pesquisadores têm observado que mulheres, após a menopausa, apresentam maior risco de desenvolver o mal de Alzheimer. A pergunta até então sem resposta era: qual a relação da menopausa com o mal de Alzheimer?

A menopausa é o período em que a mulher para de produzir óvulos e de menstruar. Isso tudo é causado por uma grande mudança na produção dos hormônios sexuais. Nesse período, a produção de hormônios como estrogênio e progesterona caem, já o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH) sobem. Esses dois hormônios, FSH e LH, são produzidos pela hipófise, uma glândula localizada na base do sistema nervoso central. Inicialmente, a redução nos níveis de estrogênio foi sugerida como uma possível causa do aumento de mulheres com mal de Alzheimer na menopausa, mas seu papel permanece controverso entre os pesquisadores. 

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Cuidado! Um dia você pode esquecer de colocar sal na comida…

Por Daniel Fernandes, Departamento de Farmacologia UFSC

Que o excesso de sal pode aumentar sua pressão arterial provavelmente você já sabia. Já comentamos também aqui que sal em excesso pode comprometer o sistema imunológico (ver: Muito sal na sua dieta pode enfraquecer o seu sistema imune). Mas agora cientistas descobriram que o sal em excesso pode também comprometer a memória.

Pesquisadores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, mostraram que camundongos que receberam uma dieta por 12 semanas rica em cloreto de sódio, o conhecido sal de cozinha, se tornaram incapazes de realizar tarefas rotineiras, como construir seus ninhos. Além disso, estes roedores tiveram dificuldades na realização de testes de memória.

Mas como o sal pode afetar nossa memória? Na verdade, já se sabia que o excesso de sal poderia gerar alterações cerebrais. Entretanto, a relação feita até agora era de que o sal aumenta a pressão arterial, e este aumento geraria prejuízos cerebrais. Porém, de forma intrigante os autores mostraram que o sal pode afetar a memória mesmo sem aumentar a pressão arterial.

Os cientistas mostram que o consumo excessivo de sal causa a proliferação de um tipo particular de células, chamadas Th17, no intestino delgado. Continuar lendo

Memória ruim? Chocolate nela!

Por Ricardo Castilho Garcez                                                                                                         Prof. do Dpto. de Biologia Celular, Embriologia e Genética – UFSC

Para ouvir o áudio do texto com o autor, clique aqui.

Depois de consumir bebidas enriquecidas com compostos extraídos de grãos de cacau, a memória de pessoas com idades entre 50 e 69 foi semelhante à de alguém 30 anos mais jovem. Importante! Se você está pensando em turbinar sua memória comendo chocolate, devo ressaltar que você teria que comer Continuar lendo